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Bâtard Sauvage – Roberto Dagô

Bâtard Sauvage

ROBERTO DAGÔ

 

Duração: 50 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Bâtard sauvage é uma peça coreográfica que cruza procedimentos da dança, da performance, do teatro e das artes visuais para investigar o corpo brasileiro a partir do “Complexo de vira-lata”. A obra utiliza-se de abordagem irônica e autodepreciativa para ancorar o corpo no “mundo invertido” do colonialismo através da imagem do cão vira-lata. O termo “complexo vira-lata” foi cunhado nos anos 50 pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, popularizando-se desde então como uma espécie de descrição pejorativa psicossocial brasileira. O imaginário do vira-lata brasileiro evoca não apenas as noções de mestiçagem, mas também de precariedade, submissão e humilhação. Mais profundamente, no entanto, o termo encontra suas raízes nas feridas abertas deixadas pelos processos coloniais, onde a definição de “Outro” selvagem e subdesenvolvido se dá de maneira radical.

A obra aborda o corpo como território geopolítico onde as violências coloniais devem ser reconhecidas e combatidas antes de tudo desde o interior dos corpos. Neste sentido, a noção de fronteira é intimamente ligada à noção de interioridade.

A peça foi criada em 2021, fruto de um ciclo de dois anos de pesquisa em dança em torno dos eixos Corpo, Imagem-imaginação e Política, acolhido pela MaCI – Maison de la Création et de l’Innovation (Grenoble /França). A criação foi contemplada com subvenção francesa (IdEX- Initiatives d’Excellence) concedida pela Agence Nationale de la Recherche no âmbito do programa “Investissements d’avenir”. Em 2023, a peça teve nova residência artística no Fórum Dança (Lisboa /Portugal) e fez parte da programação internacional do Festival Cumplicidades, com curadoria do coreógrafo português Francisco Camacho.

Bâtard Sauvage

ROBERTO DAGÔ

Duration:  50 minuts

Rating:  14 years

Bâtard sauvage is a choreographic piece that crosses procedures from dance, performance, theater and visual arts to investigate the Brazilian body from the “Complexo de vira-lata [Mongrel Complex]”. The piece uses an ironic and self-deprecating approach to anchor the body in the “inverted world” of colonialism through the image of the mongrel dog. The term “Mongrel Complex” was coined in the 1950s and has since become popular as a kind of pejorative Brazilian psychosocial description. The imagery of the Brazilian mongrel evokes not only notions of mongrelization, but also of precariousness, submission, and humiliation. More deeply, however, the term finds its roots in the open wounds left by colonial processes, where the definition of the savage and underdeveloped “Other” takes place in a radical way.

The work approaches the body as a geopolitical territory where colonial violences must be recognized and fought first of all from inside the bodies. In this sense, the notion of border is closely linked to the notion of interiority.

The piece was created in 2021, as a result of a two-year cycle of research in dance around the axes Body, Image-imagination and Politics, hosted by MaCI – Maison de la Création et de l’Innovation (Grenoble/France). The creation was contemplated with a French subsidy (IdEX- Initiatives d’Excellence) granted by the Agence Nationale de la Recherche in the scope of the program “Investissements d’avenir”. In 2023, with a new artistic residence at Fórum Dança (Lisbon /Portugal), the piece was part of the international program of Cumplicidades Festival, curated by the Portuguese choreographer Francisco Camacho.

ROBERTO DAGÔ – Direção artística

Roberto Dagô (Jaguaruna, Brasil, 1990) é performer, diretor e coreógrafo brasileiro que trabalha entre Brasil, Portugal e França. Suas criações tomam o corpo como mídia onde se cruzam questões de identidade, vulnerabilidade e alteridade. Sua investigação artística situa-se no trânsito entre diferentes práticas artísticas, articulando Corpo, Imagem-imaginação e Política. Dagô é bacharel em Artes Visuais pela UnB (2016, Brasília, Brasil) e estudou Cenografia na ULisboa (2012, Lisboa, Portugal). É mestre em Criação artística – Artes da Cena pela UGA (2021, Grenoble, França/ Bolsa IdEX – Initiatives d’Excellence). Foi um dos dez artistas selecionados para o PACAP 5- Programa Avançado de Criação em Artes Performativas, no Fórum Dança (2022, Lisboa, Portugal), com curadoria e acompanhamento artístico de João Fiadeiro. Atualmente, Dagô é integrante co-fundador da plataforma de criação franco-brasileira BRUTA Corp., e é um dos sete artistas que integram o EXERCE Estudos Coreográficos – Pesquisa e Performance (2023- 25, Montpellier, França), no ICI-CCN Instituto Coreográfico Internacional, dirigido pelo coreógrafo Christian Rizzo.

COMPANHIA BRUTA CORP

Plataforma franco-brasileira de criação, experimentação e pesquisa no campo das artes performativas, estruturada sobre o princípio da contaminação, entre a dança, o teatro, a performance e as artes visuais.

Criada em 2021 pelos artistas Ramon Lima e Roberto Dagô, Bruta Corp. tem sede em Grenoble, na França, e nasce do desejo de desenvolver e aprofundar um espaço de diálogo, prática e reflexão artística a partir de um formato contemporâneo de agrupamento. As faíscas artísticas individuais inserem-se em um território comum propício à fricção, ao encontro e seus atravessamentos. Enquanto plataforma, a Bruta Corp. é pensada como um lugar onde o estado bruto das coisas e afetos pode ser catalisado por meio do processo e da experimentação.

A plataforma abriga um repertório de seis peças: Sonâmbulo e Protopolis, de Ramon Lima; e Bâtard Sauvage, Tempestade em Corpo d’Água, Boca Seca e Asteroide AP612, de Roberto Dagô.

FICHA TÉCNICA

Criação e performance: Roberto Dagô Colaboração artística: Gretchen Schiller Luz: Ramon Lima e Andrei Bessa

Acompanhamento Técnico: Michel Morin

Produção: BRUTA corp.

Coprodução: IdEX – Initiatives d’Excellence e MaCl – Maison de la Création et de l’Innovation Apoio: Fórum Dança

Veja mais do espetáculo e da Cia.:

https://robertodago.wixsite.com/robertodago

https://www.instagram.com/roberto.dago/

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