Solo de Edson Bezerra, o Homem na Prancha, é um espetáculo de dança inspirado na dramaturgia do francês Guy de Maupassant e no principal quadro do pintor inglês William Turner, em uma verdadeira confluência de artes, uma fusão de dança, literatura, artes plásticas e música, alusão a uma outra mistura, o vento, o mar, o fogo, o sobrenatural, o transe, o caos, os estados mentais e do corpo. Elementos naturais, sobrenaturais e humanos, apresentados em diversas e entrelaçadas camadas ao longo da dança.
Em um cenário sombrio, fantasmagórico, luz e sombra, o bailarino, homem do mar, em águas profundas e longínquas, concretiza sua arte, de forma bela, leve e física, revisitando a ancestralidade das matrizes afro, em um mergulho no invisível e no desconhecido.
A obra inspiradora de Turner, Navio Negreiro, atualmente é considerada uma das mais importantes pinturas inglesas do século XIX, uma denúncia do holocausto negro, do sofrimento das travessias, na qual muitos morriam e os doentes eram jogados ao mar. Obra panfletária de liberdade e humanidade que fez o pintor ser acusado de insanidade (saiba mais).
O conto do realismo fantástico francês Horla, de Guy de Maupassant, outra obra inspiradora da coreografia, é sobre um ser espectral que transforma a vida de um homem, o levando a loucura (saiba mais).
A trilha sonora e a iluminação completam a atmosfera, em um trabalho denso, que traz incomodo e reflexão ao espectador mais atento, nessa obra que é um mergulho nas percepções, na dubiedade e nas incertezas, um convite para se desligar e sentir, com um resultado que funde bailarino, público, quadro, conto, música, luz e sombra.
Edson Beserra foi bailarino de grandes companhias de dança brasileiras, como o Grupo Corpo Cia de Dança (MG), Cia de Dança Débora Colker (RJ) e Quasar Cia de Dança (GO). Fundou há 10 anos o Composto de Ideias e atua como coreógrafo, professor, diretor e bailarino.
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Agradecimento: Max Lage
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